Por Daltro Feil, Me.
Cada abordagem filosófica ou psicológica enxerga o problema do sofrimento de uma forma diferente. No entanto, quase todas elas concordam em um ponto, que se resume em duas frases célebres presenteadas pela Filosofia Grega. A primeira está estampada no pórtico de entrada do Tempo de Apolo, em Delfos, onde diz: conhece a ti mesmo. A outra, concebida por Aristóteles: a virtude está no meio. Sem dúvida, são frases de orientação, que requerem prática, para poderem ser aplicadas no dia a dia. Neste artigo, vamos examinar a aplicação dessas citações.
Esses ensinamentos filosóficos, embora atemporais, encontram reflexo direto na formação da nossa personalidade. Afinal, o processo de conhecer a si mesmo e buscar o equilíbrio nas virtudes começa cedo, mas nem sempre o ambiente para esse desenvolvimento é o ideal. De modo geral, será suficiente, mas nunca perfeito.
Em outras palavras, podemos afirmar que, ao longo da nossa experiência infantil e na adolescência, somos submetidos a uma gama de influências que irão moldar a nossa forma de ser, gerando o que podemos chamar de defesas psíquicas. Essas, por sua vez, são distorções da nossa percepção da realidade objetiva, que, no final das contas, nos permitirão desenvolver habilidades psicológicas para lidar com nossas demandas.
Pelo que foi dito até agora, foi possível perceber que a nossa forma de ver o mundo, em função das nossas experiências em tenra idade, bem como as nossas defesas diante das distorções, produzirá algum sofrimento. É importante salientar que o desenvolvimento de habilidades psicológicas será uma tentativa de solução para o problema do sofrimento do indivíduo, que poderá estar fora do seu uso ideal.
Vamos conhecer cada uma agora e depois vou explicar como qualquer um pode usar este recurso:
- Autoconhecimento: capacidade de compreender pensamentos, emoções e comportamentos próprios.
- Raciocínio Realisticamente Otimista: habilidade de analisar situações de forma lógica e esperançosa.
- Autorregulação Emocional: competência de manejar emoções de maneira saudável e resiliente.
- Autoestima: reconhecimento do próprio valor e das próprias capacidades.
- Autocontrole: habilidade de planejar e alcançar metas a longo prazo.
- Sociabilidade: capacidade de interagir de maneira equilibrada e produtiva.
- Resolutividade e Enfrentamento: habilidade de encontrar soluções para adversidades.
- Hedonismo Responsável: busca consciente por prazer e bem-estar.
- Sensibilidade Social: capacidade de compreender e valorizar as necessidades alheias.
- Imunidade Social: independência em agir conforme valores próprios, sem depender de validação externa.
Após compreender cada uma das habilidades psicológicas, você pode fazer uma análise para verificar como elas funcionam no seu psiquismo. Depois, pense no que você pode fazer para equilibrá-las.
A tarefa que eu gostaria que você experimentasse é dividida em quatro passos:
Em primeiro lugar, é necessário identificar quais das habilidades psicológicas estão em desequilíbrio em sua personalidade.
Depois, verifique se é algo exagerado ou deficitário. Vou dar um exemplo para facilitar: imagine que a habilidade em desequilíbrio seja a autoestima. Se ela está exagerada, você está com mania de grandeza. Se está deficitária, o problema é que está se inferiorizando.
O terceiro passo é monitorar-se, ou seja, estar atento aos seus pensamentos, emoções e comportamentos, identificando o momento exato em que alguma habilidade está em desarranjo.
Em seguida, será preciso empregar o raciocínio lógico para questionar as razões atuais para pensar, sentir ou realizar atividades que não se enquadram no uso apropriado de uma habilidade.
Vamos ao exemplo: pense em alguém que apresenta uma deficiência na sua autoestima. Agora imagine ela entrando numa loja de luxo e se sentindo inferiorizada, independentemente da atitude dos lojistas.
Quais os questionamentos que poderia fazer a si mesma?
Ela poderia estabelecer uma conexão consigo mesma, identificar os seus pensamentos, emoções e comportamentos e emitir um comando para a mente parar por alguns instantes enquanto ela analisa a situação.
A análise será composta por três perguntas: há evidências atuais sobre o que estou pensando e sentindo? Qual a origem dos meus pensamentos e emoções? Quais são os meus direitos como indivíduo? Ao responder às perguntas, o desconforto será reduzido e, quanto mais praticar, mais fácil será.
Como você pode ver, o uso de habilidades psicológicas no dia a dia é algo simples, mas que requer dedicação e determinação para ter plena consciência de si mesmo e do método apresentado.
Tenha em mente que o equilíbrio psíquico é viável, embora seja necessário hackear a sua mente. Isso não combina com a falta de disposição.
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